segunda-feira, setembro 10, 2007

já passou

"- Viver - essa difícil alegria. Viver é jogo, é risco. Qem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder, acumula ferrugem nos olhos e se torna cego - cego de rancor. Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom - se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui. Somos feitos de tempo, e isso significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude. A quota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo. É preciso garimpá-la, com incessante coragem, para que o gosto do seu ouro possa fulgir em nosso lábio. Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sentido." Hélio Pelegrino
Incrível como essas palavras do Hélio Pelegrino me caíram como uma luva hoje. Encontrei as palavras dele no livro "De Corpo Inteiro", que é uma reunião das boas entrevistas que a Clarice Lispector fez em vida. Sempre com belos questionamentos sobre a vida, o amor, escrever, essa foi a resposta que obteve quando perguntou ao psicanalista "Hélio, é bom viver, não é? É, pelo menos, a impressão que você me dá.".
E eu estou aqui aprendendo a viver, tenho meus erros e acertos. Já errei muito, e sei bem quando e porque troquei os pés pelas mãos. Já foi difícil ver que eu estava errada e por isso perdi de viver um momento que poderia ser inigualável, com alguém especial. É ainda pior olhar naqueles olhos e dizer tudo. E os dois sentirem, só que agora não há como voltar no tempo. É tarde demais.

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