sexta-feira, agosto 31, 2007

é mesmo?

é.........crises

Ainazinha diz:vou bem feia
Ainazinha diz:pq não tô a fim de estar bonita hj
*el rafael diz:ta loka?
*el rafael diz:nao saio com gente feia

os mais mais

Blog Day 2007

Sim, hoje é o dia do Blog. Para comemorar, todos os blogueiros postam os seus cinco blogs prediletos. Eu já escolhi os meus:

Beira de Estrada O fotógrafo Leo Drumond está viajando pelo interior de Minas Gerais e fotografando tudo. As imagens são lindas e é uma delícia conhecer junto com ele um pouco mais desse nosso Brasil.

Space Melato Blog do Fabiano Melato, editor do caderno Anexo no Jornal A Notícia *e meu editor também :D*. Cinema, música, literatura, tem um pouco de tudo, sempre com o toque tão legal e característico dele.

Eu diria que Acessei por muito tempo, mas há um mês e um dia Fernanda deu fim às postagens. Agora ela está de volta com piadinhas ácidas e muito mais.

Blog da Soninha Descobri há pouco tempo o blog da Soninha. Me apaixonei quando li as postagens sobre e a sua moto, que foi roubada, e a saga que viveu depois disso.

Papel Pobre (indicação póstuma) Foi a sensação do momento durante duas semanas, mas infelizmente hoje saiu do ar. Por trás de Katylene Beezmarcky, a blogueira, estavam duas pessoas que não se identificavam. Trazia as melhores fofocas das celebridades nacionais e internacionais, com uma linguagem beesha característica.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Rose Marie Muraro

Quando meu editor me perguntou: "você conhece Rose Marie Muraro?" e eu disse: "não." nunca imaginaria que poderia me identificar tanto. Imediatamente comecei a pesquisar no oráculo informações sobre ela. Li algumas entrevistas - há 47,5 mil resultados para o nome - e comecei a conhecer um pouco mais sobre essa mulher, que passei a classificar como fascinante. A entrevista estava marcada para sexta-feira pela manhã, depois do lançamento de uma cartilha sobre a Lei Maria da Penha, que combate a violência doméstica.

Assim que cheguei ao auditório Antonieta de Barros, na Assembléia Legislativa, não consegui enxergar Rose. Aos poucos avancei no recinto e lá estava ela, muito quieta, apenas observando, e sentada em sua cadeira de rodas. Aos 76 anos, uma artrose e câncer estacionado não permitem que ela tenha plenitude dos movimentos. Me aproximei, respirei fundo, como que para tomar coragem, e me apresentei. Primeiro teríamos que fazer as fotos, antes do seminário, e combinamos de conversar mais tarde. Cristina, uma entre os cinco filhos de Rose, estava acompanhando a mãe no evento. Confirmei com ela a entrevista para a parte da tarde, pois assim Rose poderia descansar.

Durante todo o dia respirei ansiosa, esperando o momento da conversa. Toda hora ficava relembrando o quanto seria especial poder conversar com uma mulher que foi uma das primeiras a lutar pelo movimento feminista aqui no Brasil, e com uma história de vida de luta e muita força de vontade. Rose nasceu parcialmente cega, mas nada foi suficiente para que ela deixasse de lutar por seus ideais. Às 17 horas liguei para o hotel e pedi o número do quarto. Ela atendeu, muito atenciosa, disse para eu ir.

Não esquecerei os momentos em que estava no carro, a caminho da entrevista. A cor do sol no céu, as mãos um pouco geladas, resultado do nervosismo, e a respiração mais profunda do que o comum. Sempre gostei dos momentos em que me dirijo à pauta, gosto de estar no carro e apreciar a paisagem, esquecendo o assunto que tratarei a seguir para ficar descontraída. Mas naquela tarde foi diferente. Acelerava rápido, porque o caminho não importava, e sim a fonte de conhecimento e experiência que teria contato a seguir.

Finalmente cheguei ao hotel. Rose estava de pijamas, sentada na cama em que provavelmente havia dormido, dando entrevistas para uma garota que faz o trabalho de conclusão de curso. Sentei em uma cadeira do quarto ao lado. Na mesa, um almoço, ou jantar, ainda não degustado. Algumas verduras. Uma janela com vista para o mar. Cristina abriu a janela e eu comentei: Ainda bem que está calor, assim ela não sofre tanto. A filha concordou. Esperei mais alguns instantes e Rose sentou-se à minha frente. Liguei o gravador e a conversa fluiu. A entrevista vem a seguir, e foi veiculada no caderno Anexo, do jornal A Notícia desta segunda-feira.
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Ainá Vietro
Florianópolis
com foto de Ricardo Mega


A imagem que se tem de Rose Marie Muraro tem tudo para ser a de uma mulher frágil. Aos 76 anos, sofre de artrose e se locomove com auxílio de uma cadeira de rodas. Mesmo debilitada por um câncer que estacionou, basta um dedo de prosa para se ter certeza que é uma mulher fascinante, "à frente do seu tempo", como ela mesma costuma dizer. A lendária feminista brasileira esteve na última sexta-feira na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, durante o seminário "Uma Conquista - Lei Maria da Penha" e lançamento da cartilha sobre a nova lei que combate a violência doméstica.
Rose nasceu no Rio de Janeiro, em 1930 e veio para desafiar o impossível. Nas primeiras horas de vida, as amídalas lhe causaram uma infecção generalizada, que deixaram como seqüelas uma artrite, pouco para lhe conter a vontade de transformar o mundo. Mesmo parcialmente cega de nascimento, com visão de apenas 5% em um olho e não enxergando nada com o outro, Rose foi além do que os médicos reservaram para ela. Aprendeu a ler no primeiro dia de aula e nunca mais se separou dos livros.
Membro da família Gebara, uma das mais ricas daquele tempo, conheceu a pobreza e a dor da morte muito cedo. Aos 15 anos, viu o pai morrer na sua frente e presenciou a luta pela herança da família, que deixou sua mãe sem nada. A experiência traumática alertou a consciência social de Rose, que naquele mesmo ano ingressou em um dos grupos de Ação Católica Estudantil de Dom Helder Câmara.
Formada em física e economia, trabalhou nas editoras Vozes e Rosa dos Tempos. Escreveu mais de 30 livros e, nos anos 70, foi uma das primeiras mulheres a abraçar o movimento feminista no Brasil. Ao lado de Leonardo Boff, também lutou pela teologia da libertação. Nos anos 80 foi expulsa da Vozes, depois de publicar "Por uma Erótica Cristã", livro que foi a gota d'água para que o papa João Paulo Segundo pedisse sua cabeça.
Rose enxergou pela primeira vez em 1996, aos 66 anos, depois de uma operação de catarata. Hoje, depois de onze anos, sua visão novamente está afetada. Têm o auxílio dos filhos ou de óculos com graus bastante elevados na hora da leitura e da escrita. Rose não atua mais como editora, mas trabalha na segunda edição do livro "Automação e o Futuro do Homem" proibido pelos militares em 1975 por conter conteúdo erótico, mesmo não citando a palavra mulher e tratando da história da tecnologia.
Em entrevista ao jornal A Notícia, Rose Marie fala de suas memórias, da amiga Clarice Lispector e defende os pensamentos que a tornaram tão marcante e essencial na sociedade brasileira.

A Notícia – Para você tudo está baseado no amor?
Rose Marie Muraro – Mulher é amor...

AN – Só amou de verdade quando acabou seu primeiro casamento?
RM – Ele durou 25, mas com 18 anos eu já corneava meu marido, por causa do meu confessor e do meu analista. Eu era católica praticante e já estava querendo me tornar pós-cristã, meu confessor disse: “Seau casamento é iníquo”. Eu tive cinco filhos, tomava conta da casa, ainda pagava as dívidas dele e eu já tinha perdido o amor por ele desde o começo do casamento, quando eu percebi que ele era um psicopata, um doente. Aí meu confessor disse: “Vai à luta!” E o meu analista também: “Se você não descobrir uma segunda vida e descobrir o que é o prazer você nunca vai largar seu casamento”. Foi o que eu fiz, e acabei me separando dele, me divorciando.

AN – Como foi? Viu que nunca tinha amado ou chegou a amar?
RM – Toda a pessoa que tem psicopatia é muito sedutora, muito charmosa e leva anos para você descobrir que aquilo é uma persona, uma máscara que a pessoa põe para esconder a sua falta de limites. Ele tinha uma falta de limites com o mundo, que ele se apropriava das coisas e das pessoas como se fossem dele. Então dava cada confusão dos diabos. Ele era boa gente, era católico, bom pai, mas em matéria de dinheiro era uma coisa horrível.

AN – Foi difícil ver que não amava e teve de quebrar um relacionamento?
RM – Eu tava carregando a minha cruz, como todas as pessoas da minha época carregavam a sua cruz. Foi aí que eu fiz, eu já trabalhava na Vozes, já estava em contato com o pessoal da teologia da libertação, e era nessa época que estava todo mundo questionando o problema da sexualidade, do casamento da castidade. Então saíram padres e freiras à beça da igreja, foi nos anos 70, e muita gente se separou. Como eu, a maioria das mulheres da minha idade saiu dos seus casamentos para procurar o amor, então foi o movimento da cultura da época que quebrou todos os tabus. Se vocês hoje podem ter uma sexualidade livre, e se vocês hoje podem se casar depois de ter experiência sexual (porque eu me casei com o primeiro homem que eu namorei), se vocês podem fazer isso é graças a nós, graças àquela geração. Eu já estava à frente do meu tempo, como estou à frente do meu tempo hoje.

AN – Você costuma dizer que foi muito desejada e muitas vezes pedida em casamento depois disso. Nunca quis se casar de novo?
RM – Deus me livre, eu acho que a relação homem e mulher acaba quando começa o casamento. Porque quando começa o casamento vem o problema de filhos, de dinheiro, de bens, de partilha, quem faz isso, quem faz aquilo e a relação homem e mulher se desgasta muito, então vem um contrato jurídico. Eu não queria um contrato jurídico sobre os meus amores.

AN – As mulheres costumam reclamar da falta de homens. Você acha que falta mesmo?
RM – Nunca faltou homem, mesmo agora. O que falta para as mulheres é erotismo, junto com uma boa cabeça. É não ficar vidrada a um homem. Eu sempre tratei o homem com um salto de sapato na jugular. Eu não tinha casos, eu tinha grandes amores. Nada se faz na vida de grande sem uma grande paixão, eu só sei ter grandes paixões.

AN – Seus relacionamentos eram livres?
RM – Livre em um sentindo... eu não era promíscua, mas eu era monógama serial, como as americanas se definem hoje.

AN – Como assim monógama serial?
RM – Não tem o assassino serial, faz um, depois faz outro, depois faz outro? Eu era monógama, sempre fui monógama, nunca tive dois homens.

AN – Só conseguia gostar de um por vez?
RM – É, e quando rompia levava um ano chorando, aquele negócio todo. Depois até me apaixonar por outro demorava. Todas as mulheres são assim hoje, todo mundo, e eu comecei isso 35 anos atrás.

AN – Descobrir o prazer naquela época, depois de tanto tempo...
RM – Pois é, depois de ter filhos e netos... Foi maravilhoso, foi uma festa. Depois que eu me separei do meu marido, que ele aceitou a separação, ficamos muito amigos, quem cuidou dele até a época da morte fui eu. Ele se casou outra vez. Os homens são casadouros, as mulheres não. Os homens traem as mulheres para ficar no casamento e eles são polígamos. As mulheres traem os maridos para sair do casamento e elas são monógamas. Elas não conseguem ter dois.

AN – Ao mesmo tempo não conseguem?
RM – Não dá. Dá para você ter assim uns casinhos físicos, mas não dá para amar dois homens ao mesmo tempo. Os homens conseguem porque eles não se entregam nem para uma nem para outra. Existe uma incompatibilidade entre homem e a mulher. A mulher quer uma coisa e o homem quer outra.

AN – Por quê?
RM – Por um único motivo: eles têm duas economias libidinais, eles têm dois erotismos diferentes. O homem quer o sexo em primeiro lugar, a mulher quer o amor em primeiro lugar, porque o processo edipiano masculino é resolvido de um jeito, e o processo edipiano feminino é resolvido de um jeito completamente oposto. O homem larga a relação com o pai, larga a relação com a mãe. O pai ele detesta, porque é dono da mãe, e a mãe ele adora, mas ele fica com medo de ser castigado pelo pai, de ser morto entre aspas, quer dizer, cortado o pênis, aquilo do Freud que você conhece bem. E o único amor que sobra para o homem é o amor de si. Daí ele é treinado desde que nasce para a violência, para o mundo público, para a corrupção, para matar ou morrer. E a mulher, ela não tem pênis, não tem nada a perder então ela continua ligada a mãe e ela seduz o pai, então ela tem aquele triângulo, que ela está na base, ela tem todo ele íntegro. Então o amor é que salva a mulher. Se ela deixa de amar a mãe ela morre imaginariamente, se ela deixa de amar o pai ela morre imaginariamente. É o amor do outro que salva a mulher.AN – Isso faz as relações homossexuais e bissexuais?RM – Isso é coisa de hoje em dia, porque antes não era assim. A bissexualidade é um fenômeno muito recente, se tiver uns dez anos é tanto. Hoje você ama pessoas, pode ser homem, pode ser mulher. Eu nunca consegui, eu sou heterossexual viciada.

AN – Mas tentou?
RM – Deus me livre! Tentei, tentei, e as lésbicas se apaixonavam por mim, mas não adiantava nada. Eu dava no pé.

AN – Não teve nenhuma experiência então?
RM – Não quis.

AN – Mas elas gostavam?
RM – Gostavam muito. Eu ajudo muito o movimento gay. Acho que fui uma das poucas heterossexuais convidadas para a primeira marcha gay, nos anos 80. E tenho o prêmio do grupo Arco-Íris, do Rio de Janeiro, como a maior aliada do movimento gay no Brasil.

AN – Quando você era criança foi desenganada pelos médicos, mas logo na primeira semana de escola já estava lendo Monteiro Lobato.
RM – Disseram que não podia estudar. Eu aprendi a ler no primeiro dia.

AN – Você tinha consciência de que tentaria sempre o impossível?
RM – Desde que eu nasci. Eu nasci e tinha as duas amídalas infeccionadas, e eu engolia o pus. Tive infecção geral e fiquei com seqüelas, com artrite reumatóide. Se eu venci a morte no meu primeiro dia de vida, por que não vencer a cegueira?

AN – Você trabalhou como editora na Vozes. Como era esse trabalho?
RM – Ah! É uma maravilha! Quando você tem plena liberdade para fazer o que você quer, você pode mudar a vida um país, que foi o que aconteceu. Eu botei o movimento de mulheres pelas minhas publicações, que era em plena ditadura militar. A teologia da libertação, que veio com o Leonardo Boff, fui eu que ensinei praticamente ele, que eu tinha trabalhado com Dom Helder Câmara. Então, quando ele chegou, eu era editora geral, religiosa e leiga da Vozes, mas quando ele veio eu disse: “Você vai primeiro para favela e depois diz o que você quer traduzir. Ele veio com o livrinho chamado “Jesus Cristo Libertador” e eu vi que o garoto era um gênio. Ele era um grande criador, e foram os pobres que ensinaram a ele. Então hoje o movimento de mulheres é o movimento mais importante do mundo como a teologia da libertação está mudando a América Latina inteira, parte do mundo também.

AN – Foi nessa época que João Paulo 2o pediu sua cabeça.
RM – Eu já sabia que ele ia pedir minha cabeça, mas por causa do “Sexualidade da Mulher Brasileira”. Então como eu sabia que ele ia pedir minha cabeça, dei motivos e escrevi “A Erótica Cristã”, que é fazer um corpo erótico cristão, quer dizer, não usar mais a moralidade e sim a ética. Porque é imoral você estar num casamento que é feito só para o seu sofrimento e sofrimento de todos, e é ético você sair desse casamento para viver uma vida plena e dar aos outros uma vida plena. Foi desafiador.

AN - E o livro que você está escrevendo, previsto para o ano que vem?
RM - É o “Automação e o Futuro do Homem”, que os militares proibiram em 1975, que não tinha a palavra mulher em nenhum tempo, era a história da tecnologia, e proibiram como pornográfico. Ai eu fiquei 35 anos para poder fazer uma segunda edição. Estou quase enlouquecendo. Ele ainda não tem nome, mas eu gostaria de chamar de “O Arrependimento de Deus”, eu estou procurando na Bíblia e todas as vezes que Deus fala que se arrependeu de ter criado o ser humano e dá grandes castigos ao povo de Israel. Depois Ele se arrepende porque quer dar mais uma chance. Quem sabe Ele não está arrependido e quer dar mais uma chance?

AN – Como era a relação com Clarice Lispector?
RM – Eu vivia no meu canto e ela vivia no dela. Ela leu livro “Automação e o Futuro do Homem” e escreveu artigo sobre mim, sobre esse livro, no “Jornal do Brasil” de 1972, se não me engano. E aí ela me telefonou e perguntou: “Como é que você se sente sendo um gênio?” Eu perguntei, “Ô, Clarice, você está falando comigo ou com outra pessoa?” Aí ela me disse, “Não, desculpa, vem aqui na minha casa”.

AN – Sobre o que vocês conversavam?
RM – Bom, deixa eu te contar algumas coisas que eu botei na minha autobiografia, “Memórias de Uma Mulher Impossível”. Inclusive quando eu perguntei para ela que livro eu devia ler antes de falar com ela, ela me disse: lê “Paixão segundo GH” (da própria Clarice). Eu li, e foi a coisa mais extraordinária que eu tinha lido na minha vida, até então. Continua sendo uma das coisas mais extraordinárias que eu já li. Porque é a história, durante 200 páginas, de uma mulher que comia ou não comia uma barata, porque você sabe que os grandes santos, os grandes místicos da história, eles sempre faziam um ato de abjeção, do tipo comer uma barata ou chupar o pus de um leproso, uma coisa assim, para transcender a condição humana, e eu disse: “Você tem as mesmas intuições que Santa Teresa e São Francisco de Assis, você sabia disso?” E ela disse: “Não, nem quero saber para não dizer que eu plagiei”.

AN - Ela era muito profunda?
RM - Ela era, a gente conversava e eu me lembro de outra vez que ela dizia: “Eu fiquei quatro horas olhando uma vela e é nesses momentos que meu inconsciente sai e é nesses momentos que eu começo a criar tudo.” Era onde ela tinha o encontro com a profundidade dela.

AN – Não teve coragem de visitá-la no leito de morte?
RM – Não, porque eu vi meu pai morrer no meu pé, eu vi a morte e nunca mais tive boa relação com a morte. Toda vez que uma pessoa morria, eu queria ter a lembrança da pessoa viva e não quis ter a lembrança da pessoa morta. Eu só consegui superar isso quando a minha mãe morreu, faz três anos, e aí consegui ver a morte.



costuradas




minhas orelhas estarão bonitas e poderei usar brincos dentro de três meses! :D
foram nove pontos no lado esquerdo e cinco no direito. acho que vou lançar moda. hihi
(se quiser, clique na foto para ampliar)

domingo, agosto 19, 2007

um amigo, uma amiga

Pronto, já tomei minha vitamina C, estou enrolada no cobertor azul, e posso escrever. Hoje em especial tem muitas coisas guardadas em meu coração e mente sobre as quais gostaria de escrever. Penso se devo selecionar alguma, ou escrever sobre tudo... Pois, tudo está envolto no mesmo ponto, ter carinho e gostar de alguém. Lembro quando Clarissa, de Verissimo, escrevia em seu diário sobre segredos que a gente tem, mas mesmo em nosso diário não os confessa, pois são segredos muito secretos. Foi mais ou menos isso que aconteceu comigo, eu tinha um segredo. Disse tinha porque eu comecei a escrever sobre ele no meu caderno, mas quando chegou naquela parte principal, aquela que era a importante mesmo, eu não consegui mais escrever. Só que aquela situação estava martelando na minha cabeça... Me perguntava de tempos em tempos: Por que sou assim? Isso é péssimo, etc e tal. Aquele julgamento natural que sempre costumo ter sobre os meus momentos. Mas nada como um encontro com uma amiga para fazer qualquer segredo secreto se tornar uma confissão. Eu particularmente gosto muito de ter amigos, amigas, pessoas que estão presentes na minha vida, pessoas que sabem sobre "a minha essência", e que entendem o meu jeito. Não precisa ser uma pessoa que esteja sempre ao meu lado - é legal se estiver - mas pode ser alguém que me sente, mesmo depois de tempos distante. Falo que gosto, porque pode existir alguém prefira estar só, ou ter amigos superficiais, ou apenas um grande amigo, ou o divã, enfim, existe tanta gente no mundo, nada e ninguém é igual. Então, confessei tudo aquilo que estava preso aqui nos meus pensamentos. A amiga riu, achou natural. "Tu acha mesmo?" questionei. E ela disse que sim, e contou histórias sobre um momento semelhante. E de cada história parecida surge outra, e uma amiga ouve a outra. Assim nascem as amizades. Para ser amiga é imprescindível saber ouvir, mas também é preciso falar, emitir uma opinião, apresentar uma resposta, uma ajuda, solução. É preciso ser verdadeira e dizer quando não tem solução, dizer que você não sabe o que fazer, como ajudar, e quando nada mais restar, você pode abraçar e emprestar seu carinho para acalmar. Ser amigo também significa rir junto, participar dos medos e anseios, entender que a pessoa pode ficar longe, ou precisar estar perto demais, ou até mesmo ficar só. Ser amigo é saber ver os defeitos, e se precisar falar poder ser sensível para não machucar. Ser amigo pode ser difícil, ou fácil, tudo depende da necessidade que você tem disso. Ao longo da minha vida fiz muitos amigos. Hoje entendo que todos tiveram um grande valor, e ajudaram a formar a pessoa que sou hoje, mesmo aqueles que não falo ou reencontro mais. Eu tenho consciência que existem amizades que vem e vão, assim como uma onda chega na praia e depois retorna ao mar. Algumas pessoas serão minhas amigas para o resto dos tempos. Mesmo de longe, elas sabem que estou aqui e sei que elas estão lá para mim. Algumas estão por perto por algum tempo, vão para longe e retornam. Tem ainda aquelas que se foram para sempre, pois o prazo de validade da vida expirou. Não me sinto triste por nenhuma dessas categorias, pois sei abrigá-las com conforto em meu coração. Hoje particularmente estou feliz por ser quem sou e gostaria de abraçar com força cada amigo, e dizer olhando nos olhos: estou aqui, com muito carinho.
*leia ouvindo the smiths

sábado, agosto 18, 2007

Links legais

para constar: duas novas descobertas que eu a-mei:
* papel pobre - "coluna social" da ferina Katylene Beezmarcky, que encontrei navegando em links de links do blog do meu editor, Fabiano.
* Ohares.com - site com muitas e muitas fotos, indicado pelo meu primo, Pedro. A sessão que mais gostei foi Fotojornalismo, 'ganhei' mais de uma hora vendo imagens belas e chocantes.

Os dois já estão favoritados e nos links do blog!

get a life!!!!

Sempre que via casais se beijando demasiadamente em público costumava dizer: get a room!!
Ontem estava eu inocentemente beijando um gatsinho, quando passa uma louca e grita: GET A ROOM!
Uy, invejosinha... Hshshshshshs
Só não parei de beijar para dizer em alto e bom som porque o beijo estava muito mais gostoso!
Nas palavras do Rafa: arrasou no inglês barato....

segunda-feira, agosto 13, 2007

Lomografia


O que uma câmera fotográfica criada na Rússia em 1982 pode ter de tão especial? As imagens reproduzidas por ela são sempre uma surpresa, e, não raras as vezes, a foto não sai nem de perto como quem apertou o botão programou. Gostou de imaginar as fotos criativas que ela faria? Pois eu fiquei muito ansiosa por ter uma dessas logo que puder. Estou falando da Lomo Kompakt Automat, conhecida pelos íntimos como LC-A. Essa máquina, que muitos dizem parecer um pequeno brinquedo, foi criada em São Petersburgo, quando o general Igor Petrowitsch ordenou que a fábrica Lomo produzisse uma máquina semelhante à japonesa Cosina CX2.

O resultado dessa criação se tornou uma verdadeira febre mundial e rende frutos também por aqui agora. Eu já tinha ouvido falar vagamente sobre a lomografia e pesquisei alguma coisa a respeito do tema no ano passado. Mas não lembro muito bem onde havia lido. Hoje o tema voltou para mim, em uma pauta do Anexo. A exposição "Efemeridades", que abre ao público dia 15, aqui em Florianópolis, tem a participação de dois fotógrafos. Carlos G.H, que fez suas imagens com uma digital, e Débora Klempous, que descobriu a lomo e apresenta seis painéis. Juntos, querem mostrar que aquela idéia certinha da fotografia, em que a imagem deve ser o retrato fiel do momento, pode ter outras vertentes.

É aí que a LC-A chega para mudar o conceito da imagem. Porque, pelo que pude pesquisar até agora, essa máquina tem "exposição automática, feita sob medida para difíceis condições de luz sem uso do flash; e as lentes Minitar, capazes de dar mais brilho às cores e criar verdadeiros efeitos psicodélicos", de acordo com a explicação que o fotógrafo André Takeda dá no site da Sociedade Lomográfica Brasileira. Isso amplia a margem da discussão para algo ainda mais profundo. Afinal, o que é essa realidade que está diante de nossos olhos, sujeita a mudanças de acordo com a iluminação em um mesmo instante?

Confesso que fiquei muito tentada a comprar uma LC-A para mim. Não só pelas possibilidades de encontrar novas formas de olhar que ela oferece, mas também por ser uma câmera que qualquer pessoa pode usar, e não somente um profissional. Ainda no fim de semana estava em um almoço de família aqui em casa, e meu tio Cláudio, que é fotógrafo profissional, estava me ensinando a usar a minha máquina. - comprei nesse ano uma Sony DSC-H2 com muitas funções, mas sempre usava no automático. As aulas de fotografia da faculdade fugiram da minha memória. Naquele momento em que meu tio me ensinava teoria sobre abertura do diafragma e velocidade entendi como a fotografia é genial e extremamente técnica. Mas fiquei motivada a tentar novos cliques depois daqueles ensinamentos.

Não que eu vá desistir de usar minha queridinha, que ainda fica grande parte do tempo guardada no armário, mas com essa nova idéia da LC-A, uma nova gama de possibilidades se abriu. Tem bastante informação sobre a lomografia no site que linkei ali em cima, e as fotos da Débora você pode ver clicando aqui. Já dei uma passeada pelas imagens e por outros sites legais, e estou apaixonada. Espero poder ter uma logo, logo!

domingo, agosto 12, 2007

O caderno


Inspirada na leitura dos três primeiros livros de Erico Verissimo - Clarissa (1933), Caminhos Cruzados (1935) e Música ao Longe (1936) - que falam sobre a história de Clarissa, comecei a procurar um caderno para escrever os meus pensamentos e sentimentos. Isso porque em Música ao Longe Clarissa, que já é professora e voltou para Jacarecanga, sua cidade natal, tem o diário como confidente.
Aliada ao costume de Clarissa, há algum tempo, conversando com uma amiga, percebi que havia deixado de escrever sobre minha vida. Então, ela me sugeriu que retomasse a escrita. Passei então a procurar um belo caderno, para que pudesse escrever minhas linhas. Encontrei um preto, capa dura e espiral. Comprei, e escrevi algumas vezes.
Acontece que ontem ganhei uma surpresa especial. Um almoço de família aqui em casa reuniu os parentes, e minha tia Teca trouxe um presente, que estava guardado desde meu aniversário. É um caderno, muito belo, com a capa de flores e pequenas casinhas, bordado por ela em patchwork. Achei tão belo que vou aposentar meu caderno preto e agora terei ainda mais inspiração para escrever!

sexta-feira, agosto 10, 2007

frio no coração


Amanhece, com frio de inverno. Ele caminha de volta para casa, mãos no bolso tentam aquecer o corpo do frio. A sensação da noite sem dormir começa a doer nas juntas. Vontade de deitar, encontrar uma cama quente e um alguém que pudesse compartilhar carinho.

Essa vida é como a caminhada na manhã de inverno, em que uma fumaça evapora a cada suspiro. A diferença do corpo quente para o ar gelado. Era uma caminhada solitária, com dores que foram superadas, mas sem uma nova emoção, sem uma razão para fazer o coração saltar do peito de emoção.

E ele sinceramente acredita que não existe razão para encontrar um alguém, pois no fim todos os relacionamentos terminam iguais, em decepção, em separação. Alguns diriam para que não pense assim, o amor existe, tenha fé, não desacredite.

Mas para quem andava em uma madrugada sozinho pela rua, vendo carros passar de quando em nunca, esquentando as mãos frias no bolso da calça jeans, existia uma barreira entre a realidade crua e a esperança. A esperança dói, porque o amor nunca chega. A realidade é o que podia aguentar.
+para ler ao som de Flying - Living Colour

sexta-feira, agosto 03, 2007

No, I see you!


Neste curta de 6'55" a bela Natalie Portman é aspirante a atriz Francine. Tudo começa com uma ligação e a partir daí uma sucessão de fatos que fazem arrepiar a pele e acelerar o coração. Apareceu em minhas mãos justamente quando precisava (e ainda preciso) de um pouco de romance. O curta é um dos 21 pequenos que compõem o longa "Paris, Je T'Aime ", feitos por diferentes diretores sobre as particularidades de Paris (ano 2006). Para assisitir, clique aqui.
Bom divertimento.