Gostava tanto do som das teclas do piano, e de repente a melodia se transformava em vento.
Sentada no sofá macio de cor de nuvem amarelada, lembrava dos momentos em que a mãe tocava melodias ao piano, e ela, pequena, rodopiava no chão de madeira da sala de visitas.
Sentada no sofá macio de cor de nuvem amarelada, lembrava dos momentos em que a mãe tocava melodias ao piano, e ela, pequena, rodopiava no chão de madeira da sala de visitas.
A lembrança fugia ao pensamento e no momento seguinte ela já não estava mais naquele sofá, e nem a ouvir o toque delicado daquele senhor ao piano.
Por um instante, que se prolongava indefinidamente, ela não mais queria fazer toda sua vida vã. Não mais queria depender de um, e sentia que liberdade estava para acontecer bem no seu coração.
Mas ela ainda sofria com resquícios da maneira anterior. Ainda tinha aquele seu jeito único de transformar quem deseja na atração principal, aquela que se vive para.
Ela não queria mais viver para, queria viver a sua, junto com. A sua, e também outra, e mais outra e assim todas as coisas poderiam coexistir juntas, completas, ao mesmo tempo e por inteiro.
Ela realmente acreditava que se as coisas todas coexistissem haveria sofrimento. Será que não mesmo? Ela só saberia se tentasse essa nova maneira, mas ainda não conseguia...
Na hora que retornava a racionalidade daquele momento sabia que ali só havia espaço para um, mesmo não entendendo o motivo de ser sempre assim.
Mas aquele saber, ao mesmo tempo que a instigava por uma nova resposta, era o responsável por um pequeno alento. Naquela hora ela percebia que vivia para, mas não para outro, e sim para si.
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